segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Viver ou Morrer? Capítulo III


Julian não sabia ao certo o que trazia felicidade, o que dava a motivação para viver, apenas o que o levava a querer morrer. Morrer cessaria a dor, era a única solução que via para acabar com aquela vida inútil. Uma vida sem objetivos, sem sonhos, uma vida sem amor.


- Tiago, vista-se, vamos sair! repetiu Julian com uma convicção assustadora.

- vamos aonde?

- Apenas vamos meu apóstolo. Concluiu Julian.


E os dois deixaram a república rumo a um destino desconhecido, a noite se aproximava e isso fazia com que Tiago repetisse a mesma pergunta: Para aonde vamos?

Julian seguia em frente com passos firmes e longos, não abria nenhuma oportunidade de questionamento.


- Chegamos! Com o brilho nos olhos, Julian bateu na porta e aguardou.

Um rockeiro cabeludo e barbudo com um cigarro na boca atendeu a porta e abraçou Julian e disse o quanto estava feliz de revê-lo! Tiago se apresentou a Rodrigo e logo entraram na humilde residência. O barulho de bateria entregava as intenções de Julian, tiago era músico assim como todos daquela casa, tocava baixo dignamente como poucos.

Chegando perto da origem do barulho, Julian abriu a porta e o baterista largou as baquetas e correu para dar um forte abraço. Amigos do colegial, Rodrigo, Julian, Samuel, formavam a extinta banda ''Dito Cujo'', tocaram por 3 anos nos mais variados eventos e lugares. Isso ninguém pode apagar do circuito cerebral.


Julian relembrou antes de ligar para Rodrigo dos velhos tempos em que era feliz e não sabia, quis reunir os amigos para formar de novo aquela banda que no mínimo era Genial.

Conversaram por longas 3 horas até a última cerveja, Julian enfatizou que precisava disso mais que qualquer outra necessidade fisiológica ou emocional, e o grupo planejou a volta aos palcos com o novo integrante Tiago, nos baixos, Julian na guitarra e no vocal, Rodrigo nos teclados, e Samuel na bateria.

Botaram no papel os dias de ensaio, as músicas compostas que ficaram registradas num CD demo gravado há tempos atrás.

Julian esqueceu de todos os seus problemas, apenas a música corria em seu sangue a partir daquele instante. Cansado de tocar sozinho, a volta com os amigos foi a melhor coisa que podia ter feito naquele estágio.

Então ensaiaram freneticamente para voltar ao ritmo, todos estavam empolgados, loucos para voltar aos palcos. Então depois de 2 semanas de ensaio e planejamento marcaram o primeiro show e escolheram o nome. ''Feeling''.


''O show da vida está pronto

Apresente-se, cante, e renove conceitos

Sinta a adrenalina correr, sinta a energia vibrar

Parece tão estranho, Parece loucura

Mas qual é a emoção de ser normal

Viver o incerto, o compasso desconhecido

O dia incomum que muda nossos paradigmas

A ruptura da equação tradicional, a consistência de uma abstração

Viva as verdades do mundo''


terça-feira, 24 de agosto de 2010

Despreparo Psicológico


Vivendo cada dia como se fosse o primeiro, nenhuma certeza decretada na sua mente.


Você prepara o café da manhã, faz a barba, escova os dentes e vai pro seu trabalho. Até ai tudo bem, são apenas atividades do cotidiano, aprendizados automáticos que não acrescentam mais estímulos neuronais, e você se acha o máximo por resolver pepinos que qualquer um resolveria, assim como consertar o chuveiro, fazer compras no mercado, levar o cachorro passear, estudar para a prova, passar numa entrevista nepotista e assim vai.
Entretanto seu emocional não é amadurecido, seu psicológico é despreparado para suportar qualquer desventura dolorosa, frustração amorosa, você sustenta uma alma, um corpo, uma ideologia, uma filosofia de vida que é distinta de 6 biliões de seres, a individualidade que ostenta é sua, você cultiva, você se apropria, porém estamos em épocas em que cada sociedade, tribo, ou cultura local, mantém uma idéia fixa do que é normal, e o que está fora disso é inaceitável. A cultura multi étnica está perdendo para o capitalismo, para racionalização predisposta de um povo que idolatra Roberto Marinho acima da razão.
Mas aonde eu quero chegar com essa ladainha, eu quero salientar o despreparo psicológico em que nossas mentes vão trilhando, talvez a criação moderna em que a palavra NÃO, é usada ocasionalmente, em que a idéia dos filhos tomarem seus próprios tombos para conhecer como a vida é seja antiquada, se tirarmos a lição em toda parábola realista em que atuamos no dia-dia, se dermos a cara a tapa, e esse tapa tiver realmente algum motivo para você, uma lição construtiva pode ser a longo prazo melhor do que se acostumar com a perfeição.
Nos preocupamos tanto em querer fazer acontecer, querer mostrar, querer ser melhor que o outro, em querer produzir, que esquecemos de viver o hoje, esquecemos de prestar atenção no som das árvores, dos insetos, esquecemos de escutar uma boa música deitado olhando para as estrelas, parece que somos hipnotizados pela pressão cotidiana e isso não requer nenhuma análise de si, esquecemos do que nos faz realmente feliz. Exercitar a paciência num dia calmo para quando tiver no inferno, não queimar no fogo da raiva. Escute seu coração, e tenha preparo, não preparo financeiro e nem físico, eu digo preparo psicológico. A decepção é um estágio em que devemos passar, mas não perpetuar.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Arte ( Escrito em 2009).


A arte não se aprende
A arte se entende e se aprecia
Cada um com as suas formas
Com seus paladares, podendo
Adquirir gostos distintos, peculiares
Com os amargos doces das vida
Seja dançando, Seja atuando
Seja tocando, Seja Escrevendo
Uma forma de Expressão da alma
Que se realiza no instrumento de conexão
com a realidade, nem sempre passa o que o autor
realmente respira.
Mas é mágico
Nos transporta para outros planos
Satisfazendo os hóspedes que cultuam
nossa imensa moradia, a arte
Nosso Refúgio, Nosso livre arbítrio
Confesso que sou apaixonado por ela,
Pela música, pelo romantismo
Que nos salva de todo esse egocentrismo
que respiramos quando acordamos
Já prontos para seguir na fila da produção
Encontrai-vos o equilíbrio da alma,
não desista se você tem certeza do que ama
Viva cada dia, vida cada hora,
Viva cada minuto, viva cada sentimento

Carpe Diem.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Viver ou Morrer? Capítulo II


Julian não sabia o que ostentava no seu coração, se era raiva, indiferença, ou até um amor reprimido. Diante de toda essa angústia era difícil assumir uma posição dentro de seu ego, havia uma briga infernal dentro daquele ser, que ora estava exaltado, eufórico, e ora estava deprimido, corroído, de saco cheio do mundo.

- Avante irmão! Força! gritava Tiago vendo seu amigo de infância caído na calçada imunda.
- Vai pra casa, vou morrer aqui! - indagou Julian

Seu intelecto desenvolvido partia sempre para o apelo emocional, prevendo uma segunda intenção, entretanto bêbado sugeria aos amigos não se preocuparem com ele, não queria ver-los naquela situação. Julian morava numa república de estudantes e normalmente seus colegas tinham que cuidar das consequências de suas noitadas. Dar banho, dormir ao lado e assim toda vez que sai para tocar, era um ritual.

''Vejo estrelas lá no fim da minha capacidade visual
Vejo pessoas que parecem estar atreladas num balanço jovial
Sinto o vento ricocheteando meus sentidos
Ouço vozes estalando como curto circuito
Quem penso que sou agindo assim?''

- Amigo, vamos parar com essa vida, vou te levar a jesus! proferiu Henrique, colega de quarto.
- Nem Jesus sabe o que é bom para mim, se ele me vê como filho, me ajudaria.
- Para de basflemar seu tolo, você que se afastou dele, você é responsável pelo jeito que anda sua vida.
- Posso ser, talvez sim. Mas tenho certeza de uma coisa, não tenho vergonha do meu passado, se vou ter do presente, só o futuro poderá me revelar.

Julian começou a entrar nesse estado insolúvel de depressão quando seu namoro acabou. Foi difícil, aliás muito complexo para medir.
Isso pode ter sido o fator desencadeante. Enquanto Julian beirava ao precipicío, sua ex amanda estava aproveitando a vida com seu namorado podre de rico.

''Concentre-se no que não pode ser ouvido, nem visto.'' Concentre-se no equilíbrio''

Amanda era uma menina tola, vivia alienada pelas amigas, pelas influências externas. No começo Julian não dava bola, foi Amanda que tomou a iniciativa, talvez aceitar foi um grande erro. Com o tempo Julian não via outra forma de ser feliz, sem ser do lado de sua amada, era o casal mais apaixonado do colegial. Os dois com 17 anos, viviam experimentando novas loucuras, novos sentidos, e juntos formavam uma dupla como poucos. Fantasiavam móveis da futura casa, a cor da cortina, os quadros. Fantasiavam ao extremo, já que na mão dos pais, não trabalhavam, não tinham dinheiro, e eram obrigados a dar satisfação pra tudo. Foi quando Amanda conheceu um rapaz, amigo da família, um rapaz magro, levemente corcunda e andava de terno como uma máscara de status social, pois não tinha outra forma de chamar atenção sem levar em conta sua profissão e seus bens. Carro do ano, terno italiano e arrogância preponderante. Amanda deu um pé na bunda de Julian, e mesmo namorando o mauricinho ligava toda semana para conversar com Julian, mandava cartas, e isso abria as feridas que Julian tentava inutilmente fechar durante o tempo em que saia com os amigos. Foi um Choque, Um baque, Uma triste história.

Continua...

sábado, 7 de agosto de 2010

Sempre em frente




Avante a um horizonte distante que parece não ter fim
a frente de toda a amargura no peito
a diante nesse inverno que impede nosso calor
Eu vou contra a avalanche
tenho minhas artimanhas

O raios que refletem na tv do meu quarto
me chamam para descobrir o dia
mas eu já sei o que tem lá fora
eu procuro paz, eu procuro amor

Se o amor passar ao seu lado
abrace e sinta o que ele tem a dizer
estás fazendo previsões ao vento
o certo não condiz a ninguém

Com o peito amadurecido de socos
com suor escorregando sobre minha face
com o fadiga remoendo meus membros
nada importa, o que é digno de meu sangue
sempre receberá amor


segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Viver ou Morrer?




Pacientemente aguardava um suspiro qualquer para dar um murro no pé do ouvido daquele desgraçado, ele havia confrontado o mais ímpeto e exaltado ego que poderia conter uma alma. E agora a vingança era a única saída para cicatrizar aquele corte. Aquela mágoa profunda. E o sujeito pronunciou uma única sibala, pois não conseguiu completar a palavra, e sequer a frase. Apenas sentiu um estouro em seu rosto na parte lateral, seus olhos estremeceram, e seu equilíbrio foi parar no chão como uma árvore em queda, assim como seu corpo. Julian retirou seu casaco da cadeira e acertou um chute no estômago do sujeito estirado no chão para descarregar o resto de sua raiva. Virou as costas e caminhou devagar até a porta do bar.

2 anos atrás.

Julian cantava na noite para sobreviver, podia estar economicamente satisfeito se não gastasse a maior parte de seus cachês em farra. Cada dia ia pra cama com uma diferente, entre elas algumas prostitutas que conhecia nos shows. E sua vida podia ser definida como uma highway to hell (Estrada para o inferno), por estar sempre procurando o perigo, a adrenalina.
Era paciente, porém impulsivo. Introvertido, mas com muito senso de humor. Inteligente porém orgulhoso. Romântico, porém depressivo. Não houvia conselhos nem da mãe por achar que era o dono da verdade, o cara que sabia exatamente o que estava fazendo. Sempre. Além de todas as adversidades e diferenças era rodeado de amigos, e amigos com quem podia contar.

Vivo uma constante desenfreada que tende ao perplexo.
A chuva cai em finas gotas de sal, molhando meu estado de espírito.
E a minha alma reza por claridade, mas o sol desistiu de clarear.
Apenas o nublado resisti a esse caos, e ele está sugando minhas forças

Julian, fingia uma felicidade tola para quem o via de longe, mas quem o conhecia sabia de sua depressão crônica em enfrentar a vida. Ele precisava de ajuda profissional, mas o primeiro grande passo era reconhecer a patologia. Seu cotidiano era basicamente tocar na noite e se embebedar, dormir (em diferentes camas), acordar tarde, ensaiar e sair pelas ruas com uma nova promessa, um novo dia. E isso era mais satisfatório quando era apenas um sonho de adolescente rock star, agora que virou realidade, percebeu que estava em declínio mental e físico, com o Famoso Jargão: Sexo, Drogas e Rock'n Roll. Mas seu intelecto superestimado por ele mesmo, reconhecia o quão difícil era mudar, o mais fácil sempre é manter como está.

-Caralho véio, tu está mal eihn? criticou John olhando as olheiras e o semblante entorpecido de Julian.

-Vai cuidar da tua cara, e aproveita e faz umas plásticas pra ver se pega mulher!

-Porra Julian, não precisa falar desse jeito. rebate John magoado com o deboche.

-Fica Frio... Relax...

E a noite chega, e na vida dos jovens rockeiros quando a escuridão assume, o sol nasce dentro da alma. E julian cada vez mais embriagado, cada vez mais irreconhecível até por ele. E que rolem as Pedras!

- Quem sou eu? Pergunta Julian a sua consciência fragmentada.