sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Apartheid Caxiense



Sim, é mais fácil dizer que não.

Observamos basicamente em países como EUA e África do Sul, a segregação social e racial, talvez legalmente já extintas, mas tecnicamente nítidas e talvez imortais. Não podemos deixar de falar da Europa e de suas tantas acusações de racismo e xenofobia, talvez herdadas da visão nazista. No entanto esse fato é nitidamente menos valorizado em uma região específica de um país que diz justamente pregar a igualdade.

O ponto de vista republicano norte-americano, juntamente com o fascismo de Mussolini foram visões ideológicas que cruzaram o oceano e desde sempre existiram na América. A exceção é que existe um país que é endeusado por sua dita “mistura e igualdade”, a par de qualquer possibilidade dos radicalismos já citados. Logicamente, é importante salientar que realmente, perto de lá, vemos aqui um radicalismo talvez menor. No entanto existe um lugar aonde talvez não seja tão menor assim.

Refiro-me ao estado do Rio Grande do Sul primeiramente. Colonizado por povos de tradição conservadora, como o italiano e o alemão, vemos não poucos casos de diminuição de raças como índios, negros e mulatos. Indo mais a fundo, chegamos à legítima apartheid racial e social. Refiro-me à Serra Gaúcha, mais especificamente, Caxias do Sul.

Chegue nesta cidade e faça quantos testes quiser. Use roupas simples como calção e tênis e entre em lojas de nível social maior. Observe a frieza do atendimento. Pior ainda, experimente e não leve nada. Faça outra experiência. Caso seja negro, tente manter qualquer contato com coisas como universidade, festas e afins. Fale com gírias. Use tranças rastafári.

A prática irá mostrar de maneira nítida como a própria educação vinda do lar demonstra tais absurdos. Pais que fazem piadas com raças aos filhos não medindo às consequências. Pais que desvalorizam as classes menos favorecidas. A busca por status vem de berço. Isso infelizmente causa consequências cada vez mais graves.

O pobre, tanto negro quanto branco, acaba tomando caminhos prejudicais tanto para ele como para a sociedade. Pode ser que desiludido pelo preconceito ou ansiando pela inclusão ele largue seus estudos para trabalhar e obter seu tão sonhado carro, conquistando assim o prestígio desejado. Ou então ele gaste seu salário suado numa roupa cara, apenas para ser como “eles”.

Sim, o famoso carro.

Não sei basicamente porque, mas sinto uma vontade gigantesca de rir quando me lembro disso. Isso me dá vergonha. Deveria chorar. Mas rio, pois acho irônico. Acidentes causados pela demonstração de poder e ascensão. Afinal, aqui você não é nada se não possui carro ou trabalho. Nitidamente um vagabundo.

Bairros pobres isolados. Caras de desdém nas universidades. Autoimagens de deuses, com suas camisas sociais a que denomino como “tapadores de neurônios”. E pior. Ensinados pelos pais. Demonstração nítida do sistema. Valorização extrema da cultura italiana e desdém total por culturas africanas. Pior. Chamadas de promiscuidade.

Algo deve ser feito. E logo.

A isolação não é local como na África do Sul.
É mental, psicológica.
Pior.

Defino-lhe como PEDAGÓGICA.