domingo, 10 de julho de 2011

Entre a vida e a morte

Se hoje estou aqui escrevendo esse texto mesmo com a mão esquerda enfaixada, o joelho ralado e algumas dores nas costas, é porque meu Santo é forte! Obrigado Deus por ter me protegido, tenho uma filha e minha futura esposa que precisam muito de mim.

18:00 - Olho no relógio no braço esquerdo enquanto posso, e visualizo um compromisso que fora deixado para trás, precisava de cordas para o violão. Pensei em algumas hipóteses alternativas para não me deslocar até o shopping. e nada.
Eu não estava bem, minhas energias estavam carregadas, peguei minha moto para ter onde estacionar. atravessei a cidade em busca da minha peça chave para tocar a noite. malditas cordas.
Fui até o shopping san pellegrino e comprei as cordas que me custaram caro mais tarde, ao chegar na banca para pagar o ticket, tive uma breve discussão com um cálculo ridículo que a moça do caixa fez sobre a hora que eu tinha entrado, segundo ela 18:09 até 18:20, ultrapassava 15 minutos de tolerância. Como todo cliente chato que cobra seus direitos, reclamei até ela me dispensar, e então subi na moto e acelerei com pressa até a saída, nessas horas você não calcula o perigo, apenas pensa nos deveres e a ansiedade toma conta de sua consciência. passei o ticket no leitor, e acelerei reto a rua la salle, dando uma breve olhada a rua transversal, foi um milésimo de segundo, uma colisão me impede de atravessar a faixa, o carro bateu com o para-choque na lateral da moto. Foi tudo tão rápido, que não conseguiria descrever minuciosamente. lembro-me de um choque violento, bruto que me atirou longe batendo a cabeça no chão e deslizando sobre o asfalto.

Não acreditei na hora, me permiti imaginar que era um sonho, ou uma brincadeira, mas aquilo era muito real, a dor, o nervosismo, as pessoas ao redor, eu teria acordado na hora da batida, mas não acordei, fiquei consciente e apavorado com minha situação, tentei mover todos os músculos e membros para certificar o que fora afetado, fiquei calmo quando consegui mover-los. Dois bombeiros estavam passando pelo local, e me auxiliaram, não deixando me levantar, chamaram a SAMU. As pessoas ao seu redor te deixam muito nervoso, os comentários impertinentes que te preocupam mais, e todos ficam parados apenas olhando mais um azarado que foi vítima de um importuno acidente de trânsito.

Minha fala estava lenta assim como meu raciocínio, olhava ao céu, e lá imaginava o tudo o que viria depois, contar para minha família o que acontecera não seria fácil. Deixei tudo de lado, me concentrando apenas na minha saúde. Estava acostumado de ser as atenções no palco, mas desta vez era algo que ninguém gostaria de estar lá, era um palco frio, inseguro e arrepiante. Nenhum escritor pode descrever o que a pessoa sente quando está no chão imobilizada, largado aos ventos do destino, minha vontade era chorar, gritar, bater, dormir, todas elas no mesmo tempo, não tinha mais o que ser feito, você está entregue nas mãos de Deus e do socorro médico.

Nessas horas você consegue pensar mais do que qualquer outra coisa, eu apenas queria sair dali, e a ambulância não chegava, e hoje vejo que a cada minuto acontece um acidente em algum lugar, e no meu caso foi acidente, não foi imprudência, atentado ao pudor, não consumi nada alcóolico, apenas desatenção.

Agradeço os médicos, as enfermeiras, que me atenderam muito bem, apesar do hospital não tranquilizar minha namorada que não sabia o que havia acontecido comigo, o sistema hospitalar particular é podre, tenho acessos de fúria cada vez que falo com o pessoal que trabalha na recepção, eles seguem o protocolo e as burocracias do hospital como uma religião, e não adianta você discutir, pois ele te tratam com desprezo e sarcasmo, você trabalha 5 meses do ano para pagar impostos, e não tem direito a saúde pública digna, então você paga um plano que só serve para te garantir que você não vai ao postão, porque você continua pagando as consultas e a puta que o pariu e continua se estressando com um atendimento com descaso e falta de empatia.

Agradeço a Deus, a minha futura esposa, minha filha, meus pais, meu irmão, meus amigos próximos, por se preocuparem com meu estado.

E imploro a todos os motoristas, tenham mais atenção e não andem como se fosse o need for speed undergound, e não, vocês não estão no velozes e furiosos, e também não, vocês não são os caras quando dirigem bebados. Isso é a maior estupidez que se pode fazer, vidas estão em jogo, você pode salvar a sua vida, e a de outros que não tem nada a ver.

FELIZ ANIVERSÁRIO PARA MINHA FILHA LINDA! A FESTA FOI PERFEITA. 1 ANINHO!
VOU POSTAR FOTOS ESSA SEMANA.