segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Viver ou Morrer? Capítulo II


Julian não sabia o que ostentava no seu coração, se era raiva, indiferença, ou até um amor reprimido. Diante de toda essa angústia era difícil assumir uma posição dentro de seu ego, havia uma briga infernal dentro daquele ser, que ora estava exaltado, eufórico, e ora estava deprimido, corroído, de saco cheio do mundo.

- Avante irmão! Força! gritava Tiago vendo seu amigo de infância caído na calçada imunda.
- Vai pra casa, vou morrer aqui! - indagou Julian

Seu intelecto desenvolvido partia sempre para o apelo emocional, prevendo uma segunda intenção, entretanto bêbado sugeria aos amigos não se preocuparem com ele, não queria ver-los naquela situação. Julian morava numa república de estudantes e normalmente seus colegas tinham que cuidar das consequências de suas noitadas. Dar banho, dormir ao lado e assim toda vez que sai para tocar, era um ritual.

''Vejo estrelas lá no fim da minha capacidade visual
Vejo pessoas que parecem estar atreladas num balanço jovial
Sinto o vento ricocheteando meus sentidos
Ouço vozes estalando como curto circuito
Quem penso que sou agindo assim?''

- Amigo, vamos parar com essa vida, vou te levar a jesus! proferiu Henrique, colega de quarto.
- Nem Jesus sabe o que é bom para mim, se ele me vê como filho, me ajudaria.
- Para de basflemar seu tolo, você que se afastou dele, você é responsável pelo jeito que anda sua vida.
- Posso ser, talvez sim. Mas tenho certeza de uma coisa, não tenho vergonha do meu passado, se vou ter do presente, só o futuro poderá me revelar.

Julian começou a entrar nesse estado insolúvel de depressão quando seu namoro acabou. Foi difícil, aliás muito complexo para medir.
Isso pode ter sido o fator desencadeante. Enquanto Julian beirava ao precipicío, sua ex amanda estava aproveitando a vida com seu namorado podre de rico.

''Concentre-se no que não pode ser ouvido, nem visto.'' Concentre-se no equilíbrio''

Amanda era uma menina tola, vivia alienada pelas amigas, pelas influências externas. No começo Julian não dava bola, foi Amanda que tomou a iniciativa, talvez aceitar foi um grande erro. Com o tempo Julian não via outra forma de ser feliz, sem ser do lado de sua amada, era o casal mais apaixonado do colegial. Os dois com 17 anos, viviam experimentando novas loucuras, novos sentidos, e juntos formavam uma dupla como poucos. Fantasiavam móveis da futura casa, a cor da cortina, os quadros. Fantasiavam ao extremo, já que na mão dos pais, não trabalhavam, não tinham dinheiro, e eram obrigados a dar satisfação pra tudo. Foi quando Amanda conheceu um rapaz, amigo da família, um rapaz magro, levemente corcunda e andava de terno como uma máscara de status social, pois não tinha outra forma de chamar atenção sem levar em conta sua profissão e seus bens. Carro do ano, terno italiano e arrogância preponderante. Amanda deu um pé na bunda de Julian, e mesmo namorando o mauricinho ligava toda semana para conversar com Julian, mandava cartas, e isso abria as feridas que Julian tentava inutilmente fechar durante o tempo em que saia com os amigos. Foi um Choque, Um baque, Uma triste história.

Continua...