sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Apartheid Caxiense



Sim, é mais fácil dizer que não.

Observamos basicamente em países como EUA e África do Sul, a segregação social e racial, talvez legalmente já extintas, mas tecnicamente nítidas e talvez imortais. Não podemos deixar de falar da Europa e de suas tantas acusações de racismo e xenofobia, talvez herdadas da visão nazista. No entanto esse fato é nitidamente menos valorizado em uma região específica de um país que diz justamente pregar a igualdade.

O ponto de vista republicano norte-americano, juntamente com o fascismo de Mussolini foram visões ideológicas que cruzaram o oceano e desde sempre existiram na América. A exceção é que existe um país que é endeusado por sua dita “mistura e igualdade”, a par de qualquer possibilidade dos radicalismos já citados. Logicamente, é importante salientar que realmente, perto de lá, vemos aqui um radicalismo talvez menor. No entanto existe um lugar aonde talvez não seja tão menor assim.

Refiro-me ao estado do Rio Grande do Sul primeiramente. Colonizado por povos de tradição conservadora, como o italiano e o alemão, vemos não poucos casos de diminuição de raças como índios, negros e mulatos. Indo mais a fundo, chegamos à legítima apartheid racial e social. Refiro-me à Serra Gaúcha, mais especificamente, Caxias do Sul.

Chegue nesta cidade e faça quantos testes quiser. Use roupas simples como calção e tênis e entre em lojas de nível social maior. Observe a frieza do atendimento. Pior ainda, experimente e não leve nada. Faça outra experiência. Caso seja negro, tente manter qualquer contato com coisas como universidade, festas e afins. Fale com gírias. Use tranças rastafári.

A prática irá mostrar de maneira nítida como a própria educação vinda do lar demonstra tais absurdos. Pais que fazem piadas com raças aos filhos não medindo às consequências. Pais que desvalorizam as classes menos favorecidas. A busca por status vem de berço. Isso infelizmente causa consequências cada vez mais graves.

O pobre, tanto negro quanto branco, acaba tomando caminhos prejudicais tanto para ele como para a sociedade. Pode ser que desiludido pelo preconceito ou ansiando pela inclusão ele largue seus estudos para trabalhar e obter seu tão sonhado carro, conquistando assim o prestígio desejado. Ou então ele gaste seu salário suado numa roupa cara, apenas para ser como “eles”.

Sim, o famoso carro.

Não sei basicamente porque, mas sinto uma vontade gigantesca de rir quando me lembro disso. Isso me dá vergonha. Deveria chorar. Mas rio, pois acho irônico. Acidentes causados pela demonstração de poder e ascensão. Afinal, aqui você não é nada se não possui carro ou trabalho. Nitidamente um vagabundo.

Bairros pobres isolados. Caras de desdém nas universidades. Autoimagens de deuses, com suas camisas sociais a que denomino como “tapadores de neurônios”. E pior. Ensinados pelos pais. Demonstração nítida do sistema. Valorização extrema da cultura italiana e desdém total por culturas africanas. Pior. Chamadas de promiscuidade.

Algo deve ser feito. E logo.

A isolação não é local como na África do Sul.
É mental, psicológica.
Pior.

Defino-lhe como PEDAGÓGICA.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Poder

Sim. Eu o senti.

É formidável. Gracioso e corrompedor.
Talvez apenas por este único motivo eu não esteja em lágrimas agora.
De qualquer maneira, seu gosto é melhor do que qualquer beijo.

Os homens a milhares de anos o disputam. O homem poderoso é o ápice do desejo humano, tanto masculino (aquilo que os homens querem ser) quanto feminino (aqueles homens que as mulheres querem para si). Certos poderes levam tanto vantagens quanto desvantagens perante outros.

Alguns como músculos e dinheiro têm seu valor único mas muitas vezes tornam-se ineficazes contra outros como beleza física e sabedoria. Como qualquer arma, devem ser manuseados com extrema cautela para que não machuquem seu próprio ostentador.

Pude concluir e experimentar um dos mais audacioso poderes: a manipulação. Conversar com alguém "lendo sua mente". Hipnotizadores, telepatas e outras tantas lendas sempre aspiraram tal efeito que é completamente e cientificamente possível com alguma prática e o conhecimento devido.

Sem dúvidas, corrompe. Principalmente quando aquele que o ostenta possui um ego narcisista que torna seu caráter frágil. Vemos roubos de políticos, traições em relacionamentos e tantas outras desmascarações que, além de mostrar a idiotice dos portadores, ainda os prejudicaram de maneira profunda.

O dinheiro? Bem, eu sorrio para ele. Afinal, bem poucos sabem usá-lo. Os homens jovens e sua insegurança constroem sua autoestima através dele. E quando o perdem, rumam para o suicídio, como se ele pertencesse fisicamente ao seu próprio corpo. Como uma autêntica droga, o vício aumenta conforme o uso.

As mulheres lindas e vazias. Sua beleza por si só, consegue qualquer coisa e em virtude disso, muitas não vêem motivos para moldar seu conteúdo interior. Um dia então a beleza se vai e a mulher cai em profundo esquecimento e vazio existencial.

O que dizer do sábio? Aquele que opera seu poder com maestria, astúcia e de maneira fria e calculista. Chega até o topo para dificilmente sair. Sempre com a dúvida e a crítica ativas, não apegando-se a nada material e sim ao amor daqueles que o rodeiam. Talvez este seja o ponto máximo do ser humano.

A dor no seu coração é forte
Mas tu és mais
Teu colega tens mais dinheiro
Mas tu és mais esperto
Não te beijei porque falaste que não
Te virei as costas quando pediu minha mão
És tão pouco, distante de como tê vês
Ainda assim roçaste teus lábios pensando em mim
Pois sou aquele que lê
E tu faz o que estou então afim
Descarto-te como uma folha de papel
Talvez hoje meu destino seja o motel

domingo, 25 de setembro de 2011

É mesmo para ter vergonha!

É mesmo para ter vergonha.

No domingo 18-07, eu participei, junto com outras pessoas, de uma manifestação organizada pelo Movimento FAZ AGORA, que visava a combater a corrupção. O movimento, posteriormente, foi divulgado pela Rádio Caxias e pelo Jornal Pioneiro.
Ocorre que, ontem, um conhecido perguntou-me se eu não tinha “vergonha” de ir me manifestar, gritar, fazer “fiasco”, na frente de milhares de pessoas. Foi, pois, nesse momento, que eu respondi o seguinte: eu tenho vergonha de ver o meu país ser lembrado no exterior, como o país da malandragem, do jeitinho brasileiro, onde tudo pode ser feito e “não dá nada”. Tenho vergonha de ver meu país ser reconhecido internacionalmente pelas suas mulheres praticamente desnudas e com bundas lindas. Tenho vergonha de saber que muitos turistas aportam na Terra de Vera Cruz à procura de prostitutas crianças e adolescentes, muitas, inclusive, ainda virgens. Tenho vergonha de que digam lá fora que no meu país está o pior presídio da América Latina. Tenho vergonha de ver um estrangeiro dando a seguinte declaração: “eis o porquê de os brasileiros jogarem futebol tão bem: eles não estudam, só jogam bola, desde criancinhas ”. Tenho vergonha de saber que o meu país ainda é um dos mais desiguais do mundo. Tenho vergonha de que digam por aí que o meu país é o país do “mensalão”. Tenho vergonha de ter um ex-presidente, dizem por aí, que uma quantia razoável em dinheiro para cada parlamentar que votasse a favor de uma emenda constitucional que permitia a reeleição. Tenho vergonha de viver em um país onde os criminosos da ditadura ainda não foram punidos. Tenho vergonha de ter meu país internacionalmente conhecido pelo carnaval. Tenho vergonha de viver no país com a maior tributação mundial e, ao mesmo tempo, não ter saúde, educação, alimentação, saneamento básico, acesso a cultura e lazer de qualidade. E, o pior de tudo, eu tenho vergonha de fazer parte de um povo que aceita tudo isso de braços cruzados e ainda vota no “Tiririca” como forma de protesto. É disso que eu tenho vergonha!
Quero, desde já, frisar que não tenho nada contra a pessoa do Tiririca. Mas eu tenho a certeza absoluta de que o povo brasileiro errou ao colocá-lo lá. Eis o porquê eu digo isso: para aqueles que não sabem o voto para deputado é proporcional. O que isso significa? Se você vota em um determinado candidato, este será somado ao de outros candidatos do mesmo partido (ou coligação). O voto para cargos do Executivo e para senador não é transferível. Vai para aquele nome e ponto. Nas eleições para deputado, um voto é agregado aos de outros nomes da lista (que pode ser um partido ou coligação). Sendo assim, o candidato Tiririca, com um total de 1.353.820 votos, levou consigo outros três deputados que, provavelmente, não seriam eleitos – porque a vontade do povo, evidentemente, era de que eles não fossem postos no poder –. Novamente, uma pergunta: o que eu quero dizer com isso? Estou afirmando que quando o povo votou no Tiririca, como forma de “protesto”, ele acabou por dar um tiro no próprio pé, ou seja, acabou prejudicando a ele mesmo, afinal, sabe-se lá quais eram os interesses daqueles que foram eleitos “nas costas do nosso debutado vulgarmente conhecido como abestado”.
Voltando ao tema principal, quero dizer que eu não tenho vergonha de ir para a rua e “fazer fiasco”. Muito pelo contrário, eu acho que vergonhoso é assistir o holocausto e ficar calado. Vergonhoso é aceitar que os parlamentares votem um aumento astronômico no seu próprio salário (61,8%). Vergonhoso é aceitar que escolas públicas não tenham sequer giz para que os professores possam lecionar. Vergonhoso é aceitar que mesmo já tendo pagado 1 trilhão de reais em impostos, até setembro de 2011, o brasileiro não tem saúde pública decente. Vergonhoso é ter de aceitar dizerem que o Palocci é um gênio do empreendedorismo e que o aumento do número de Vereadores é para fortalecer a democracia.
Eu percebo uma hipocrisia tão grande nas pessoas, uma falsa moralidade. Chego a perder as contas de quantas pessoas reclamam do nosso governo sentadas em poltronas confortáveis, sendo imbecilizadas pelas Redes de Televisão Globo e Record – e outras também, mas duas essas são as com maior audiência – . Já dizia o ditado: reclamar é fácil! Pois bem, eis que cheguei onde queria: as pessoas apenas reclamam, reclamam e reclamam, mas não agem. E, como se não fosse o bastante o simples ato de permanecer inerte - o que já é uma afronta ao ideal de Democracia - essas pessoas ainda riem e debocham da cara dos inconformados que saem para as ruas com o fito de protestar contra todas essas barbáries.
Então, para não me delongar muito, deixo a seguinte reflexão para os leitores: quem deve sentir vergonha? Aquele que sai para as ruas em busca de dias melhores? Aquele que não aplaude essa onda gigantesca de corrupção e, por isso, protesta? Ou aquele que permanece inerte frente ao absurdo que estamos cultuando?
Eu acredito que temos duas opções: ou aplaudimos a corrupção ou protestamos contra ela. Aquele que fica sentado, apenas reclamando em silêncio, de maneira indireta está aplaudindo tudo o que critiquei até agora, afinal, nada faz para mudar a realidade. Eu escolhi protestar, contudo, sou democrático e respeito aqueles que creem não ser a corrupção o motivo de o povo brasileiro – em sua grande maioria – não ter educação, alimentação, saúde, cultura, lazer e segurança dignas de quem já pagou mais de 1 trilhão de reais em impostos até o mês de setembro de 2011.





Por Alex Caldas (@Alex_Caldass)



terça-feira, 13 de setembro de 2011

FAZ AGORA




DIA 18 DE SETEMBRO, SAINDO DA FRENTE DA FACULDADE DA SERRA GAÚCHA ÀS 16H00MIN, RUMO À PRAÇA DANTE ALIGHIERI.

Onde nós estávamos quando começaram a nos fazer de idiotas? O que fizemos quando aprovaram o aumento do número de Vereadores na Cidade de Caxias do Sul? Qual nossa reação quando os parlamentares aumentaram em 61,8% o seu próprio salário? Provavelmente, nessas oportunidades, muitos de nós estávamos sentados em poltronas confortáveis, outros, trabalhando em condições subumanas, enquanto a maioria das personalidades públicas – que nós colocamos lá – estavam envolvidas com esquemas de corrupção.
Já está na hora de mudarmos essa realidade! O POVO tem poder, basta exercê-lo. Diz o sábio ditado: a UNIÃO faz a FORÇA. É nosso DIREITO exigir conduta honesta daqueles que colocamos no poder e, quando tal comportamento não acontece, é nosso DEVER protestar contra isso. Como? Sozinhos, nunca conquistaremos nada. O corrupto Presidente Fernando Collor de Mello só perdeu o trono porque o povo, UNIDO, com as caras pintadas em sinal de protesto, fez com que isso acontecesse.
O movimento FAZ AGORA objetiva combater corrupção e a falta de ética dos governantes. Para isso, convocamos você a participar do protesto, afinal, sozinhos não mudaremos nada, mas, se nos unirmos, a vitória é certa.




“vem vamos embora, que esperar não é saber, quem sabe FAZ AGORA, não espera acontecer”








Por Alex Caldas (@Alex_Caldass)

sábado, 10 de setembro de 2011

eee, ôô. Vida Gado. Povo marcado ê, Povo Feliz


Abro o jornal e me deparo com sujeiras políticas varridas para baixo tapete, este tapete que podemos nomear de imprensa, interesse partidários e tantos outros sujeitos que nessa oração fariam parte. Colunistas criticaram o fracasso dos protestos anti-corrupção, mas não lembro de ter-los visto na referente mobilização de 15 ilustres pessoas. Outros que não tiveram escrúpulos em difamar os internautas ativistas que ficam atrás dos perfis de redes sociais que não compareceram também. Toda Burguesia presente no maravilhoso, esplêndido evento da escolha da mais nobre pisadora de uva da festa da uva de cacia, nem sequer levantaram a bunda dos sofás, nem ao menos para passar de carro importado e debochar dos caras pintadas. Nem isso.

O que vejo, é um bando de hipócritas que usam de artifícios para mascarar insensatez, displicência para com os outros.
Posso estar sendo repetitivo, chato, mas essas questões me perturbam todo dia, todo dia que tenho que trabalhar para pagar impostos, enquanto os políticos decidem aumentar seus megasalários para 62%. Me revolto todo dia que, que assisto jornais e vejo aposentados morrendo nas filas de espera dos hospitais, porque médicos que juraram junto a hipócrates em dar a vida para salvar pessoas, sobre qualquer circunstância, param de trabalhar porque são obrigados a cobrar salários dignos.

E o paradoxo, é que eu nem sei quem é o maior culpado;
Sou eu? Que não tenho o que fazer, e fico aqui igual a um idiota, criticando a todos.

É o governo? Que faz o que quer, desviando dinheiro público, deixando buracos na educação e saúde;

Todos nós? Que ficamos estagnados na nossa adorável e prazerosa zona de conforto, e agimos como um rebanho de gados que pastam todo dia.

é a mídia? Que nos veicula apenas o que nos mantém burros, e usam de entretenimento para enterrar de vez nossa capacidade de questionar;

ESPERO QUE NO PRÓXIMO PROTESTO TODOS SAIAM DE SEUS CASULOS E VENHAM PARA AS RUAS!

CONVOCAÇÃO: No dia 23, audiência pública no cristovão de mendonza, as 18:00. Sobre a possível instalação da extensão da UFRGS em caxias.

A todos que deixam de estudar por não ter condições de pagar o absurdo que nos é cobrado, a todos que conseguem estudar, mas tem que depositar 80% do salário na conta da UCS, FSG e afins.

OBS: Tem que mudar a forma de ingresso, aumentar as cotas para estudantes de escola pública, para não acontecer como em porto alegre, que playboy filhinhos de papai entram por ter um ensino melhor e poder pagar cursinhos.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

De Auschwitz ao Rio de Janeiro













Ontem, por volta das 23h00min, quando cheguei da Faculdade, resolvi ligar a televisão e, eis que, de repente, a reportagem sobre economia, na Globo News, foi interrompida, para que uma repórter falasse, ao vivo, direto das favelas do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.
A intervenção versava sobre um confronto entre Policiais Militares e bandidos que, novamente, assombrava a cidade maravilhosa. Li na internet, que o exército novamente adentrou as favelas com a missão de restabelecer a paz e fazer cessar os confrontos.
Me parece um paradoxo, ou seja, vejo que tudo isso é um tanto contraditório. Alguém aí já parou para se perguntar, de que maneira os milicianos vão acabar com os referidos confrontos? É óbvio, matando os bandidos! Mas e os que não morrerem? Serão, pois, entulhados em presídios superlotados para “apodrecerem” (no sentido literal da palavra) atrás das grades.
E, então, depois de tantas mortes, ressurge aquela velha pergunta: isso – esses assassinatos em massa – resolverá? A violência será banida do Complexo do Alemão? A resposta, também, é velha e notória: lógico que não!
Mas, se já é sabido que promover morticínios não resolve o problema da violência, por que continuamos a aplaudir essas condutas? Alguém aí já parou para se perguntar, por que razão o Rio de Janeiro está sendo – pasmem – “pacificado”? Será, realmente, que as autoridades públicas estão preocupadas com a população carente que carece, não só, mas, também, de segurança? Não sei não, mas me parece que, por trás de tamanha preocupação com os moradores daquele complexo de favelas, está o interesse de grandes empresários envolvidos na organização da Copa do Mundo de 2014. Por isso, tantas mortes. Nenhum dos interessados no morticínio está, realmente, preocupado com o fim da violência. O que eles querem, então? Outra vez, a resposta é óbvia: eles querem passar um “blush e uma base” na pele mal cuidada da cidade maravilhosa, para que os turistas – no período em que compreende Copa do Mundo e Olimpíadas – venham, gastem e enriqueçam ainda mais estes pérfidos empresários.
Em certa ocasião, o poeta escreveu o seguinte: “Posso Parecer Psicopata, Pivô Pra Perseguição, Prevejo Populares Portando Pistolas, Pronunciando Palavrões, Promotores Públicos Pedindo Prisões”.
Qual a moral dessa estória? Nenhuma! O senso comum, imbecilizado, há de aplaudir a hecatombe e, não fosse isso o bastante, há de acreditar que realmente essa funesta repressão neoliberal trará resultados consideráveis.
Todavia, eu vos convido a filosofar, deixar, por alguns instantes, de se preocupar com o desfecho da novela, e voltar os olhos para o absurdo que estamos cultuando. Hoje, claro que com uma roupagem holllyoodiana, muito menos agressiva aos olhos da sociedade, eu comparo o Rio de Janeiro aos campos de concentração de Auschwitz, com uma rélis diferença: aqui, os mortos não são Judeus, mas, sim, os filhos do sistema.
Provavelmente, minhas palavras serão terrivelmente mal interpretadas, e os hipócritas por aí dirão que sou louco. Mas, repito uma frase que escrevi no Jornal O Trilho: “o que são os loucos, senão a total ausência do senso comum?”
Há mais de dois mil anos essa moral servil nos diz que temos de ser como cordeiros em um rebanho, que tem suas ações determinadas por um pastor. Mas, para que servem cordeiros, senão para serem devorados pelos lobos?
Já é hora de começarmos a perceber o mundo onde vivemos e nos posicionarmos sobre os acontecimentos deste.
Eu não aplaudo um Rio de Janeiro versão Auschwitz, e você?
Em silêncio, no meu quarto, fico me perguntando: quantos corpos ainda serão enterrados, para que o Luan Santana, a Ivete Sangalo ou qualquer outro que vende música pasteurizada, possa cantar na abertura da Copa do Mundo de 2014?
Alguém, um dia, cantou assim: “tudo é válido, onde quem faz filme pornográfico, vira rainha e tira o material do mercado...”




Por Alex Caldas (@Alex_Caldass)



terça-feira, 6 de setembro de 2011

Corpo e alma.


Despertei de um sonho psicodélico e escaldante, assistia meu corpo de longe tomando ações que não eram de minha sã consciência. Tentei chegar perto e adentrar minha alma no corpo substancial, mas apenas atravessei como um fantasma. O que tinha acontecido? A última recordação que havia em minha memória de curto prazo, era de estar tonto no escurecer da noite na praça central e sentir perder as forças e desabar. Não sei o que ocorreu, alguma substância química, ou um projetil que havia estampado em minha nuca.

Não importava, agora eu via meu corpo andar involuntário, estava congelado com a cena.

Aquelas cenas de filme hollywoodianas que você se sente no filme, passando pela pele da vítima, assim eu beirava a loucura; E como nos filmes eu não tinha controle, era tudo planejado.

Corri enlouquecidamente para descobrir o paradeiro onde me encontrava, eu(alma), e eu (corpo).
Já tinha visitado aquele local em sonhos, mas estava escuro demais, minha visão tentou se adaptar, mas sentia a tontura afetar tudo. Inspeciono as paredes, e percebo que estou num Hospital. E meu incontrolável corpo está procurando algum instrumento desesperadamente.
Mas o que diabos estou fazendo num Hospital de madrugada?
Resolvi sair daquele local, estava estranho demais.

Dirigindo a até a saída encontro a porta no chão. Fiquei louco de vez.
Invadindo um Hospital Tenebroso e assustador a procura de quê?
Dei uma última olhada para trás, e me assisti derrubando todos os armários alucinadamente, gritando - ''onde está a minha alma... onde está a minha alma?''
Imóvel, olhando para aquele cena, meu corpo tremia como num ataque de convulsão.
O medo se tomou conta da minha racionalidade, e calma.

Resolvi sacudir meu corpo, como se tentasse acordar-lo do surto.
Mas ele nem sequer notou minha presença.
Eu gritava como um louco, já estava no hospital psiquiátrico, só faltava a loucura invadir minha sã consciência.

De repente, três enfermeiros correm em minha direção e eu paralisado, e meu corpo entrega minha posição, - '' Ali em baixo das cadeiras, é ele!!!''
E eu acordo novamente, suando frio.
Precisava ter certeza de que não era outro sonho, e que meu corpo estava unido a minha alma.
Olho para espelho, e não enxergo nada.


''Um conto que serve como crítica as clínicas que ainda agem com o pensamento de hospitais psiquiátricos, humanização já a todo atendimento as doenças psicológicas.''

Pippo Pezzini - @pippopezzini

domingo, 4 de setembro de 2011

Semana do Hip Hop e escolha da Rainha da Festa da Uva











Bem-vindos à Caxias do Sul, a capital da ganância, onde a sua camisa pólo da Lacoste vale mais que o seu caráter e, o lucro do seu patrão, é mais importante que o bem-estar da sua família.
Ocorreram, nesse sábado, dois acontecimentos em Caxias do Sul. Um deles era o encerramento da Semana Municipal do Hip Hop e, o outro, era a Escolha da Rainha da Festa da Uva.
No primeiro, estavam presentes jovens e adultos, pessoas, em sua maior parte, que habitam as periferias da nossa cidade. No segundo, estavam presentes os representantes da elite caxiense, além de diversas personalidades públicas que se dirigiram até lá para prestigiar um dos eventos mais importantes de cultura na Serra Gaúcha.
Eis, pois, a minha crítica: eu não vi nenhum representante do poder público no encerramento da Semana Municipal do Hip Hop, além da Vereadora (prefiro não citar o nome) que apoiou o projeto. Onde estava o nosso Prefeito, José Ivo Sartori? Provavelmente, na escolha da Rainha da festa da Uva.
Na celebração do Hip Hop, como atração principal, estava o Poeta, Rapper e Escritor GOG. Este homem já recusou cinco convites para aparecer na Rede Globo! Por que será? Também como atração principal, estava o grupo Inquérito, do qual o Rapper Renan faz parte. Esse tal Renan, além de Rapper, é Poeta e Professor de Geografia. Esse Renan alfabetiza, gratuitamente, crianças que trabalham em plantações de cana-de-açúcar e, também, em habitamentos de sem-terras. Então, eu me pergunto: onde estavam as personalidades públicas para prestigiar esses cidadãos que lutam pela nossa pátria amada, sustentada e adorada no Hino Nacional? Provavelmente, as personalidades públicas estavam, tão somente, com os olhos voltados para “o jogo de interesses” que envolve a Escolha da Rainha da festa alhures mencionada.
Já vi, há algum tempo atrás, alguém dizendo que Caxias era a capital da cultura. Pois bem, reflitamos sobre o tema. De qual cultura nossa cidade é a capital? Da cultura da avareza? Da mais-valia? Da exploração? Dirão por aí que não! Dirão por aí que Caxias tem a Semana Municipal do Hip Hop e outras tantas manifestações de cultura, além, é claro, da Festa da Uva, aquela que representa a cultura italiana, a mais forte em nossa região.
Sim, claro, a cultura italiana! A cultura dos cabelos lisos, loiros e dos olhos claros. Mas, seria só isso? Alguém mais aí lembra daquela máxima que norteia muitos descendentes de imigrantes: “negri tutte ladre”?
Infelizmente, aqui, aquele que tem SILVA no sobrenome, ou a pela mais escura e mora distante do centro, muitas vezes é taxado como bandido. Ser negro é sinônimo de ser criminoso, para uma grande maioria nesta cidade. Mas, por óbvio, haverá de aparecer algum hipócrita e me dizer que isso é uma falácia. É lógico que é. Nem todos os negros e moradores de periferias são ladrões. É claro que não!!! Aqueles que não são criminosos (uma maioria absoluta) estão condenados a trabalhar quase que de maneira escrava dentro de um submundo metalúrgico. Ou, vocês, que tem oportunidade de freqüentar uma universidade, estão acostumados a ver essas pessoas que pertencem a esse grupo social lá dentro? Me contem, quantos negros vocês conhecem que estudam ou são professores no Ensino Superior? A resposta é triste: pouquíssimos.
Mas qual o problema com isso? O problema, repito, é que nenhuma personalidade pública foi prestigiar o encerramento da Semana Municipal do Hip Hop. O problema é que os olhos não estão voltados para as periferias. O problema é que, em Caxias, só é realmente valorizado como cultura o evento que tem participação da aristocracia caxiense.
Para as personalidades públicas, não é conveniente ter uma população educada, pois, se assim o fosse, ficaria mais difícil ludibriar o povo e comprá-lo com cestas básicas. Percebo, com tristeza, que as personalidades públicas somente passam a se interessar com aqueles que vivem em condições subumanas, quando estes se revoltam e começar a atentar contra a segurança daqueles que moram no centro, contra aqueles que freqüentam os bailes no Juvenil. Mas o que fazer com aquele “bandido” que assaltou o filho do empresário “fulano de tal”? A resposta é simples: devemos prendê-lo! Já dizia um trecho de uma música do Grupo Inquérito, que se apresentou no encerramento: “os talentos não são revelados, são presos”.
O assunto trazido à baila permite-nos discorrer mais de mil páginas, mas, ei de me deter no assunto principal, ou seja, nenhuma autoridade pública esteve presente no encerramento da Semana Municipal do Hip Hop. O que isso significa? Significa que, na “na cidade da avareza”, para muitos, ainda reina a máxima “negri tutte ladre” e, enquanto isso perdurar, não há falar em reais melhorias para a população carente e, tampouco, em valorização da mesma.
Chega a ser um pouco utópico imaginar, mas eu gostaria de ver o Prefeito da cidade, um representante do Legislativo, do Ministério Público e outro do Judiciário prestigiando os grafiteiros que dão vida aos muros mortos do cemitério de Caxias do Sul, logo ali na “vila”.
Enquanto isso não acontece, prossigamos nossos debates inúteis sobre segurança pública e superlotação dos presídios. Mas eu deixo um aviso: do jeito que estão as coisas, o número de habitantes da PICS e do Apanhador só tende a aumentar e, a violência, também. Movimentos que visem a mostrar um novo caminho para os jovens carentes devem ser realmente prestigiados, sob pena de não termos mais grades suficientes para trancarmos tantos monstros gerados pelo sistema.




Por Alex Caldas (@Alex_Caldass)



sábado, 3 de setembro de 2011

Quem é Deus?















“Nos perderemos entre monstros, da nossa própria criação; ficaremos acordados, imaginando alguma solução...”

As vezes, eu acho que a ignorância é uma virtude; seria, pois, muito mais fácil, se eu pudesse simplesmente orar para um deus qualquer resolver meus problemas. Mas não posso. Já não estou mais preso aos grilhões da ignorância.

É assombrosa a sensação de baixeza que atinge o homem, quando ele percebe sua semelhança com resto, ou, melhor, quando se dá por conta de que também é resto, e, que, aquele Deus que tanto amava e temia, era apenas um eficaz subterfúgio para as suas angústias.

O Deus do amor e da piedade, onipotente e onipresente, é o Deus que deixou acontecer, em seu nome, alguns dos maiores morticínios da história; o Deus das cruzadas! O Deus da Igreja Católica! O Deus do Pastor Edir Macedo!

É triste chegar à conclusão que Deus é uma máquina de manipulação das massas. É triste olhar para o céu e não mais se imaginar morando lá daqui a algum tempo. Quase impossível, para o gênero humano, pensar que depois da morte não existe nada.

Hoje não tenho uma conclusão, uma certeza, mas, sim, um aforismo vago, resultado de uma cansativa reflexão: Deus é a prova da arrogância do homem.

Alguém, não sei quem, há muito tempo, talvez, não tenha conseguido se conformar com a brevidade da vida e acabou por inventar uma mentira que lhe sossegasse o espírito. Depois, alguém, muito inteligente, percebeu que poderia estabelecer uma religião e controlar os homens através de regras morais. Assim, foi introduzido e difundido o pecado, o céu e o inferno.

Pensando dessa maneira, é impossível crer que alguém que de realmente exista, deixe seu filho ser massacrado em vão, pelo seu próprio nome, como aconteceu e acontece ainda hoje.

Bem e mal são conceitos estipulados no transcorrer dos séculos, de acordo com a classe dominante e com a que almejava dominar. A humildade, nem sempre foi a virtude suprema, aliás, humilde, na origem da palavra, é aquele que está na terra, que é pisado. Mas convém à classe dominante, fazer uma lavagem cerebral e colocar na cabeça da maioria das pessoas que elas têm de ser humildes, e, que, essa vida é tão somente de sofrimento, porquanto assim, o número de desgostosos reduz bruscamente e os que estão no poder podem continuar a explorar aqueles que estão na ignorância.

Mas enquanto os ignorantes forem a maioria, quem haverá de sofrer serão os inconformados, pois, como reza a lenda: em uma terra, onde todos são corcundas, aquele que tem postura reta, parece um monstro.












Por Alex Caldas (@Alex_Caldass)