segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Espírito Africano



Parece meio suspeito não? Um branco escrevendo sobre isso. Mas creio que uma pequena parte há de compreender-me.

Realmente em uma visão geral ficou claro o motivo de muitos acontecimentos ao longo da história da humanidade. Um deles posso citar que fora a escravidão. Era melhor realmente reduzir a menos estes ditos seres humanos, afinal em um confronto direto acho que saberíamos bem o resultado.

Sim. O aspecto atlético era natural. O poderoso hormônio conhecido como melanina sempre deixou eles anos luz à frente dos demais povos. E este medo, esta covardia, esta legítima submissão dos ancestrais de Hitler e Mussolini, fez-lhes agir desta maneira. E, com o roubo de todas as suas riquezas, a África acabou se tornando o continente mais pobre financeiramente.


Mas, no entanto as pessoas gostam de enfatizar apenas aquilo que está ruim. Poucos pensam inicialmente em reconhecer a glória deste povo no fim do Apartheid. Sem dúvida o branco sempre teve uma espécie de medo genético. Acho que um legítimo sentimento de inferioridade. Mas tais fatos foram há muito tempo. Concentremo-nos em mais pra frente.

À seguir chegamos no maior símbolo de segregação racial do mundo (sim na minha opinião) talvez que são os Estados Unidos da América. Sempre maltratados (principalmente pelos escrotos republicanos), em virtude do sentimento se submissão que já citei e medo,  isso fora acabando com os diversos movimentos como o dos Panteras Negras com mais agressividade e os exemplos de paz de Malcolm X e Luther King. Mas aonde quero chegar?

Como é um assunto muito amplo, tendo a focar-me especificamente em meu país e mais precisamente em minha cidade. Como dizia já Seu Jorge, no Brasil o racismo é muito pior do que nos EUA, pois lá, os negros sabem o que é de fato este espírito. Aqui, bem, parte da população negra simplesmente é calada e finge que não vê. Mas não estou lá pra cima pra relatar tão bem isso. Por isso chegamos à Capital do (a) Racismo Cultura.


Eu sempre vi ao meu redor. A cultura daqui subjugando os negros porque, em sua maioria, não são psicóticos que só pensam em dinheiro (como os italianos daqui, sim eu disse italianos, sim pode me denunciar) e se concentram em coisas que importam muito mais, como aproveitar a vida e não “economizar pra se formar em engenharia”.


A inveja das pessoas e a cultura do capital é realmente um choque para qualquer pessoa com certa dose de humanidade. No entanto, existe algo que me entristece ainda mais. É o sentimento de submissão de certos negros que vejo aqui. E pois é. Hoje vejo o homem mais poderoso do mundo negro (Barack Obama) e um dos atletas de maior destaque, também negro (Usain Bolt). Meu sonho era gravar a cara destes racistas ao saberem destas notícias. Sonho maior ainda seria ver o prefeito desta cidade com tais características.

Uns (a maioria) nunca sequer ouviram falar em Tupac, tampouco sobre rastafári (aqui isso é um penteado). Outros mantêm aquele sentimento de ficar quietos. E os piores, mais escrotos, autênticos negros nazistas, aqueles que renegam a raça e “tornam-se” italianos cultivadores de capital. Mas vocês devem saber bem o que Sartori e cia. pensam de vocês.

Não vejo movimentos sociais. Não vejo movimentos culturais que valorizam coisas como reggae e hip hop. Vejo apenas greves de metalúrgicos e divulgações da festa da uva. E rainhas negras nesta festa? Faz-me rir. Algo deve ser feito. Não falo em brancos de um lado e negros do outro (como é o sonho de muitos de ambos os lados). E falo sim em esquerda (humanidade, igualdade e fraternidade) contra direita (capital conservadorismo e radicalismo anti-humano). Estes “irmãos” é que devem de fato se unir.

Por fim, deixo aqui uma mensagem de um de meus maiores mentores e influenciadores. Sim, minha mentalidade é essa. Já fui diferente sim, quando era um adolescente escroto. Mas fui salvo a tempo. Salve Zumbi! Salve Mãe África!

2Pac – Keep Ya Head Up (Mantenha Sua Cabeça Erguida)
Uma pequeno gesto pro meu afilhado Elijah e uma garotinha chamada
Corinne
Primeiro verso:

Alguns dizem a fruta esta mais madura, o suco esta mais doce
Eu digo a luz esta mais escura e a base mais funda
Eu comemoro com minhas irmãs o bem-estar
Tupac se liga, ninguém mais se liga
E uhh, eu sei que eles te batem muito
Quando você aparece os manos da vizinhaça ficam fazendo palhaçada
Mas por favor não chore, enxugue seus olhos, nunca permita
Perdoe mas não esqueça, menina matenha sua cabeça em pé
E quando ele diz que você é nada não acredite nele
E se ele não aprender a amar você, você deve deixar ele
Porque irmã você não precisa dele
E eu não estou tentando melhorar você, eu só digo o que vejo
Você sabe que isto me faz infeliz (o que é isso?)
Quando os irmãos fazem bebês, e deixam uma mulher jovem para criar o filho
Sendo que todos vieram de uma mulher
Uma mulher dá seu nome e sua vida
Eu me espanto vendo o que nós fazemos com nossas mulheres
Nós violentamos nossas mulheres, nós odiamos nossas mulheres?
Eu acho que está na hora de defendermos nossas mulheres
Hora de cicratizar nossas mulheres, sermos honestos com elas
E se isso não acontecer, teremos uma raça de crianças
Que odiarão as mulheres, que fazem bebês
E ainda que um homem não possa fazer um
Eles não tem direito de escolher quando e onde uma mulher irá criar uma criança
Então o homem de verdade acordará
Eu sei que as mulheres são desvalorizadas, mas fiquem com a cabeça erguida
Refrão
Eeewww criar uma criança será mais fácil
Eeewww as coisas ficarão mais brilhantes
Eeewww criar uma criança será mais fácil
Eeewww as coisas ficarão mais brilhantes
Segundo verso:

Aiyyo, eu lembro de Marvin Gaye, costumava cantar pra mim
Ele me ensinou que a coisa certa era ser como um negro
E de repente uma favela não parecia tão agressiva
A gente achava que era tão rustico, a gente sempre teve o suficiente
Eu tive resentimento e raiva sobre o toque de recolher e quebrei as regras
Andei com a galera local, e fumei com eles
E percebi que minha mãe pagou o preço realmente
Ela deu sua vida para me defender
E tudo que eu tive que dar pra ela foram meus sonhos
O jeito que eu usava o microfone, e fazia isso diante das telas
Eu tentava fazer um dollar com 15 centavos
É difícil aindar pagar o preço
E no final parecia que eu estava lendo pra uma caneta
Eu tentei e achei meus amigos, mas eles estavam voando com o vento
A noite passada meu amigo perdeu toda a família dele
Isso leva um homem a conquistar sua loucura
Isso parece que a chuva nunca irá parar
Eu tento manter minha cabeça em pé, ainda para se manter molhado
Tá ligado como é legal quando a chuva cai
Eles conseguem dinheiro com guerra, mas não conseguem acabar com a pobreza
Falam que não tem esperança para a juventude e a verdade é
Não há esperança para o futuro
E não sabem porque nós ficamos loucos
Eu culpei minha mãe, por tornar meu irmão um viciado em crack
A gente não visou a sobrevivencia, porque isto é uma configuração
E ainda penso que você se prejudicou
Mas precisa manter sua cabeça eeguida
Refrão
Terceiro verso:

E uhh
Para todas a mulheres que tem que criar seus filhos sozinhas
Eu sei que é difícil e vocês se sentem sozinhas
O pai se foi e deixou você solitária
Agradeço a Deus pelos meus filhos, e que ninguém mais quer eles
Porque eu acho que isso fuciona, tenho certeza
E se você cair, continue em pé e volte para ter mais
Porque não há nada pior que quando seu filho
quer saber porque seu pai não o ama mais
Você não pode reclamar que sua parte
Da sua mãe sem um pai, precisando de ajuda
Porque tem muitas coisas para você dividir
Agonizante por dentro, mas por fora você tem medo
Lágrimas temporarias, descendo pelas suas bochechas
Você está firme pulando por coisas e não caiu essa semana
Porque se tivesse caído, você não poderia usar isto para me culpar
Eu estava dando este mundo e não fiz isso
Agora meu filho esta ficando mais velho e quanto mais velho mais frio
De ter o mundo em seus ombros
Enquanto as pessoas ricas estão dirigindo uma Mercedes Benz
Eu estou ainda tentando ficar com meus amigos que sobreviveram
Isto é maluco, parece que eu nunca vou desistir
Por favor... você tem que manter sua cabeça erguida

domingo, 11 de dezembro de 2011

Das manifestações

Escutando, agora, Engenheiros do Hawaii: "se for preciso, eu volto a ser caudilho..."

Lembro-me, nestas horas, de uma frase dita nos tempos da Revolução Francesa: "às armas cidadãos..."

Às armas para quê? Que queremos nós?

Cheguei à seguinte conclusão: antes de gritar para a sociedade, é necessário adentrar o seu próprio abismo e, lá dentro, gritar. Sim!, antes de gritar com os outros, é imprescindível que saibamos o porquê de isto estarmos fazendo.

Nietzsche estava certo, vejo eu. Aquele que ascende às massas, assim o deve fazer como líder e, não, como massa, porquanto esta sucumbe de um mal, diga-se, incurável, a miséria. Seus valores miseráveis, arquitetados sobre a fraqueza, talvez tenham alguma ligação com tudo o que percebo hoje, explico: há aqueles - os pastores de ovelhas ou encantadores de serpentes, como quiserem intitular - que doutrinam as pessoas de forma tão abjeta, a ponto de que elas sejam instruídas para gritar, contudo, essas ovelhas (pessoas) não sabem o porquê de estarem gritando. Em outras palavras, se o pastor disser-lhes que devem dirigir-se ao abismo, assim o farão e, por serem incapazes de levantar dúvidas e questionamentos, cairão no precipício, falecendo, por consequência.

Aquele que sabe a razão de seu brado, o real motivo de seu inconformismo, não grita simplesmente por gritar. Ademais, aquele que conhece o seu abismo, saberá calar no momento exato. Ocorre que a massa indigna-se com aquele que se cala no momento em que todos estão a gritar. A massa quer transformar todos em iguais, assim, termina por anular as qualidades individuais, porém, aquele que tem bom discernimento sabe bem que o todo é composto pelas partes. 

Por que dizer isto? Pelo seguinte:
Aquele que sabe a razão do seu inconformismo guerreia de acordo com o que crê ser correto, em outras palavras, ele não grita a esmo, isto é dispêndio desnecessário de energia.

O modus operandi é, muitas vezes, o que dá a vitória em uma guerra.

O exército que vence não é o mais numeroso, mas, sim, o mais instruído.

A massa nunca vencerá se agir como tal, assim sendo, é necessário uma revaloração de alguns valores. É imprescindível que a massa, o oprimido, o humilde, se não quiser mais ser assolado, modifique essa cultura milenar que assim o determina.

Há, ainda, aqueles que acreditam que o simples ato de gritar e reclamar resolverá o problema.

Chego, pois, à seguinte conclusão: só pode apontar e reclamar do problema, aquele que possui as mínimas coordenadas para chegar à solução.


POR ALEX CALDAS (@Alex_Caldass)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Pó...

O assombro milenar é trazido a lume numa poesia singela. No exato momento em que dou cabo do meu cappuccino amargo, medito sobre as poesias que ficam ocultas nas poesias que são expostas.
As palavras são como prostitutas e, por isso, eu as amo!  Imagino como seria viver em uma monogamia literária. Imagino-me esposado eternamente a um único livro, a uma única poesia.
É necessário que saibamos que a vida da voltas. É necessário que saibamos que o balanço faz sempre o mesmo movimento: sempre vai, e sempre volta. É necessário que saibamos que os antigos previam o futuro na borra do café, contudo, a única coisa que de fato viam, era a borra do café. De resto, aqueles que acreditavam que o futuro pode ser previsto, acabavam por construir o que outrora fora idealizado – inventado –, na borra do café.
Falta-me hoje alguma inspiração, falta-me hoje um pedaço do corpo. Falta-me hoje um pedaço do dia. Falta-me hoje um raiar do sol. Falta-me hoje um resquício de esperança. Falta-me hoje a real solidão.
A solidão é demasiado complexa, uma vez que vai além das companhias humanas. Hoje me posto sozinho, não tenho comigo nenhuma companhia em corpo presente. Contudo, meus pensamentos variam em lembranças que eu deveria extinguir. Minha memória oferta-me uma taça de fracasso, amargo, como o café que agora degusto.
Sei que os balanços do parque tornarão, mas as crianças que lá irão brincar, não serão as mesmas. Cada ida e vinda do balanço leva uma criança e traz de volta um adulto; o balanço leva um sonho e traz uma desilusão. Quem sabe meus filhos brinquem no balanço. Quem sabe desabroche uma flor naquele parque.
Aliás, o parque sempre estará lá. Mesmo que na minha memória, mesmo que na memória do poeta, ou, quem sabe, na memória das crianças que lá brincaram.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Revolta

Serão escritos algumas crônicas de protesto contra essa autêntica piada.

Comédia.

Talvez esta seja uma palavra que defina bem o jeito que as coisas tem ido no nosso querido sistema. Creio que não vou falar sobre soluções ou apontar o dedo ao indivíduo "a" ou "b", porque de fato admito que não tenho muito conhecimento nisso. Sim, claro as pessoas querem realismo. Analisamos tudo de maneira fria e cética. Sim meu caros leitores, o homem está virando uma frio computador de cálculos matemáticos.

Para começar gostaria de citar o paralelismo que temos visto a respeito da educação. Sem dúvida em certas partes, tal sistema apresentou significativas melhorias mas existe um que parece não sair do lugar. Pois é, a base de tudo, a nossa prezada educação. Exemplifiquemos.

Existe o aluno que vai para escola em seu ensino médio, aprende cerca de boa parte de coisas inúteis para passar no maldito vestibular e então com num autêntico paralelo matemático, vemos o aluno de escola particular ir para a faculdade federal, com plenas condições de pagar a particular. Do outro lado vemos o pobre aluno de escola pública tendo que se ajoelhar a trabalhos desproporcionais a sua pessoa e ceder sua alma à faculdade particular. Que beleza.

A seguir vemos os grandes benefícios do vestibular. O aluno que foi completamente desmerecedor, repete vários anos (muitas vezes dependente de pais de boa estrutura financeira), chega então no terceiro ou nem mesmo chega, faz um supletivo e chega voando no vestibular federal. Rouba a vaga do pobre coitado que estudou a vida inteira para ser um bom aluno mas que está pré-destinado a trabalhar para pagar a droga da particular. Parece justo?

Até mesmo a questão da orientação vocacional. Chego ao ensino médio consciente dos meus talentos como escritor e tenho de aprender inutilidades de física, química e matemática, no tempo que eu poderia estar abrangendo a minha cultura naquilo que de fato irei utilizar em minha vida profissional.

Então chegamos nas cidades-dinheiro. Não interessa se quero ser pintor ou violonista. Aqui eles precisam do profissional específico que vai proporcionar mais lucros a já magnânima economia da cidade. Como na minha cidade. Aqui só querem engenheiros e admistradores. Jornalistas? Existem na segunda maior cidade do Rio Grande do Sul, no máximo uns cinco órgãos de imprensa. Psicólogos? Danem-se, pensamento conservador, afinal terapia não funciona e tal profissional á apenas um vidente lendo seu futuro. Logo mais dinheiro para eles.

O verdadeiro exemplo dos porcos lhes dá um banho em termos de educação. Se querem ser tão igual a ele por que não aderem ao sistema educacional americano? Sem notas com números. Sem vestibular. Ensino Médio com alternativas. Que todos os alunos tenham que fazer o mesmo nível de esforço para chegarem ao sucesso e não uns mais e outros menos. Que os sonhos das pessoas possam ser mais valorizadas.

Que o conservadorismo vá com Hitler e Mussolini para seu inferno. Precisamos dar as mãos. O mal ainda impera e aqui é muito pior. Nas ditaduras o inimgo é visto como tal. Aqui ele nem mesmo é visto. Poucos aqui sabem que são controlados pelo desejo de outros. Racismo e desigualdade. Já não chega? Menos dinheiro, mais humanidade. Menos competição, mais amor. Que todos dependam apenas de si para chegarem ao seu sonho.

Sonhos que nem menos existem mais. Tudo isso por causa do homem de colarinho branco que estoura sua champagne. Democracia? Isso nunca deu certo. Está na hora de nos prepararmos fisicamente para confrontar sem piedade esse mal.

Pense bem. O futuro do mundo está em suas mãos.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Àquelas pessoas...

É-me difícil compreender aquelas pessoas
Calam por nada
Manifestam-se por tudo
Entreolham-se como se fossem normais
Como se fossem iguais a mim

Não sou nada senão uma bomba
Uma personalidade estupidamente explosiva

Aquelas pessoas não são normais
Elas pensam que são iguais a mim
Mas em verdade elas são melhores

Elas não querem saber dos meus olhos
E nem do meu caráter
Querem os carmas dos meus antepassados
Tatuados no meu sobrenome

Eu não sou nada senão derrota
Eu não sou nada senão vitória

Aquelas pessoas são predestinadas
Eu, um construtor
Destruo torres ideais
Parábolas
Profecias
Manchetes de jornais

Aquelas pessoas são felizes
Eu, um destruidor
Construo babilônias
Questiono verdades

Aquelas pessoas falam sobre verdades
Dizem-me mentiras
Rezam sempre as mesmas cartas

Aquelas pessoas não ligam para o olhar
Importam-se com a minha tatuagem
Mas eu não tenho um sobrenome
Por isso de nada vale a minha presença

Por não ter nada
Não valho nada
Por isso não sou nada
Por não ser nada sou uma bomba
Uma personalidade estupidamente explosiva
Arrebento templos
Mentiras
Verdades
Valores
Sociedades
Conceitos
Personalidades
Livros
Parábolas




POR ALEX CALDAS (@Alex_Caldass)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Entrelinhas

''Sempre precisei de um pouco de atenção...
Acho que eu não sei quem sou, só sei do que não gosto''

A poeira ainda presente no ar
Impedindo-nos de pensar
E nós, sem paciência
Atropelamos a consequência

A causa não é a questão
Olhamos apenas a imperfeição
Cegos, tolos, mascamos chiclete
Enquanto o vento corta o tempo

Ponho minhas mãos no bolso
Esperando encontrar uma solução
Esperança no olhar do moço
Aguardando um aperto de mão

Quem dirá que é impossível?
A opinião alheia?
será possível
Nos encontrar na lua Cheia

Pippo Pezzini





quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Eu tentei...



Cavalheiros, eis vos digo que definitivamente tentei
Esforcei-me, abri a mente, me libertei
Questionei minhas ideologias, as critiquei
Sim, respeitáveis homens, eu tentei

Ao redor, todos aqueles a quem amo me criticaram
Piorando então alguém que além de tudo, muitos problemas tem
Num furacão de idas e voltas, me lancei
Busquei força ao meu redor, ó sim eu tentei

Sendo bom ou mau, refleti meu passado
Mesmo assim algo permanecia errado
Todos na mesma estrada, então eu desviei
Sim, engolindo meu orgulho, eu tentei

Vi então minha tentativa em vão
O ódio, o preconceito, a frieza, não, nada mudou
Sentindo nojo de mim, dera um passo para trás para ser como vocês
Sim ó cidade eu tentei

Nada mudou, pois o lobo ainda estava em mim
Um lobo que não aceitou o cativeiro
Que não se humilhou e tapou os olhos por dinheiro
Diante dos senhores conservadores, ser um de vocês eu tentei

O espírito de águia em mim continuou
A injustiça e hierarquia maléfica jamais hão me amolecer
Com lágrimas nos olhos e coração apertado ainda fiquei
Mas senhora futilidade, a ti para sempre chutei

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

À minha e à tua infância: um texto de quando eu era criança...

A infância é, talvez, das fases da vida, a mais bela. Digo isso, pois tenho vinte e um anos de idade, e uma baita saudade daquele tempo em que eu podia perguntar tudo, dizer tudo o que queria e, não obstante, podia brincar por horas a fio. Lembro-me que naquele tempo eu acordava cedinho – eu não tinha preguiça – e ia para a casa dos meus primos, e lá ficava até a hora do almoço. Nós tínhamos uma casa na árvore, que o meu tio fizera para nós. Lembro-me bem daquela árvore; era um chorão; tinha as folhas finas e seus galhos eram como cascatas de cor verde. A casa era de madeira, tinha uma escada para subirmos, e uma corda para descermos. A corda era grossa e transada, daquelas utilizadas em navios, que o avô dos meus primos trouxera do porto de Rio Grande, há muitos anos.

Recordo-me, também, que o meu tio-avô, ou melhor, o avô dos meus primos, tinha cinco vacas e uma égua, que ele criava num potreiro que ficava bem pertinho da minha casa. Esses potreiros não existem mais nas cidades grandes, aliás, nem lá em Vacaria, onde eu morava. O terreno do potreiro foi comprado por uma construtora, e lá, será construído um condomínio. Mas naqueles tempos de ouro, eu e meus dois primos armávamos uma barraca no meio do campo e lá acampávamos. Tínhamos um despertador daqueles bem velhos, e o programávamos para acordar às 04 horas da manhã. Quando escutávamos aquele “triiiiiiiiiiiinn, triiiiiiiiiiiinn, triiiiiiiiiiiinn”, pulávamos em questão de segundos, da cama. Então, íamos até o galpão, onde o meu tio-avô tirava leite das vacas, e lá, saboreávamos um delicioso camargo. Ainda sinto o cheiro do pasto umedecido pelo orvalho; ainda me lembro de como era lindo ver o por do sol sentado na grama molhada.

Às vezes, eu pegava minha bicicleta – aliás, bicicleta é coisa rara nas cidades grandes – e ia para o sítio de uma tia da minha mãe. Eu pedalava mais ou menos três horas; no caminho, eu ia observando os campos e as flores; lembro-me das marcelas na beira da estrada, dos quero-queros, dos bem-te-vis e dos tesoureiros.  Isso são coisas que agente não vê nas cidades grandes. Quando chegavam as férias do colégio, eu ficava até uma semana no sítio; andava a cavalo, pescava e fazia aventuras na mata. Lá, no sítio, eles tinham plantação de bergamota, ameixa e laranja.

Eu tinha um cachorro grande e bonito, mas que me mordia sempre. Tenho, até hoje, duas cicatrizes de suas mordidas. Mas eu amava tanto aquele meu companheiro, que nem dava bola quando ele me machucava. Acredito que os amigos devem perdoar uns aos outros. O nome do meu cachorro era “Loiro”, ele era branco com manchas amarelas. Ele pulava em cima da minha cama e lambia minha cara – foram os melhores bons-dias que recebi até hoje -, naquela época, eu não achava aquilo nojento, pelo contrário, adorava. Eu tenho saudade daquele meu amigo. Ele morreu por que alguém jogou água fervendo nele. Nós chamamos o veterinário, passamos todos os remédios possíveis, mas não adiantou, ele se foi. Eu me lembro do dia em que ele morreu; tinha feito sol; quem o encontrou foi o meu irmão; ele morreu atrás da minha casa e nós o enterramos ao lado de um pé de Butiá, que tinha no quintal. Passados uns quatro anos, eu tentei desenterrá-lo, mas não encontrei mais nada lá. Eu ainda tinha esperanças de reencontrá-lo, e foi então que, pela primeira vez, eu percebi que aqueles que se vão, não voltam, não importa o quanto choremos e resmunguemos.

Jamais me esquecerei da minha professora da 3ª série. Eu estudei na escola Irmão Getúlio. A minha professora dava todos os dias, de tarefa, uma redação. Cada dia era um tema diferente; cada redação era uma história encantada; cada frase que eu escrevia transportava-me a um mundo totalmente novo. Mas a melhor parte ficou para o final; quando já estava encerrando o ano letivo, minha professora reuniu todas as nossas redações e mandou encadernar.  Eu escrevera um livro! Um livro de criança, com histórias de criança, com sonhos de criança, com delírios de criança. Eu guardei esse livro por muitos anos e com muito zelo, mas quando me mudei para Caxias do Sul, acabei perdendo-o na mudança. Mas, nessa época, eu já sabia que aqueles que se vão, não tornam, por isso, suportei tranquilamente essa perda, mas confesso, com um sincero pesar. Eu ainda guardo na lembrança praticamente todas as histórias daquele livro encantado, e sempre que vejo um emaranhado de papéis no chão, eu olho auspicioso, como se ainda tivesse uma esperança de reencontrar a minha obra prima.

Tenho lembranças boas das minhas viagens para o Rio de Janeiro. Eu, meu pai e meu irmão, íamos pescar na praia de manhã cedinho; levávamos também uma pipa – aqui no sul as crianças não brincam disso – . Uma vez, nós pescamos vinte e quatro peixes, e a minha avó, fez todos à milanesa, na hora do almoço. A minha avó tinha dois Jabutis e eu os adorava; ficava imaginando como seria ter uma armadura nas costas.

Já estava com onze anos de idade, quando os aviões se chocaram contra as torres gêmeas. Também não me esquecerei jamais daquele dia; eu não perdia um capítulo do Dragon Ball, mas naquele dia, naquele capítulo que daria novo rumo ao desenho, a Globo passou a manhã inteira transmitindo aquela chatice – pra mim e para todas as outras crianças, aquilo era sim uma chatice –, e aquilo me deixou muito aborrecido, nem consegui me concentrar na aula depois. Mas o pior estava por vir. No outro dia, a Globo não repetiu o capítulo interrompido, prosseguiu a saga, deixando-me totalmente desinformado, sem saber o que havia acontecido no desenho. Insta ressaltar que naquela época eu não tinha internet em casa, portanto, tive que esperar dois anos para esperar o desenho passar novamente na televisão. Insta ressaltar, que naquela época eu não tinha Orkut, Facebook, nem tampouco Twitter.

Quando criança, eu vi o Brasil ganhar a Copa do Mundo contra a Itália e, quatro anos depois, vi o Ronaldinho ter uma convulsão, e toda a nossa nação assistir atônita a derrota para a França do maestro Zidane e, do ainda jovem, Thierry Henry.

São algumas lembranças que eu tenho dum tempo bom, que, certamente, não tornará. Hoje em dia tenho a impressão de que o meu tempo é cada vez menor; sinto-me esgotado na hora em que acordo; não colho mais frutas no pé; jogo Play Station ao invés de brincar de esconde-esconde. Hoje em dia, eu tenho pré-conceitos, responsabilidades e alguns dogmas. Hoje eu tento reviver em mim os “por-quês”, as dúvidas, a alegria. Hoje eu não tenho mais tempo para assistir o desenho do Chaves; chego em casa à noite, e só me resta o Big Brother Brasil – a espetacularização da imbecilidade –. Quando eu falo para alguém sobre o desenho do “Pequeno Príncipe”, ninguém mais lembra; quando eu falo em calça colorida, me falam do Restart, e eu, boboca, digo que sinto saudades dos Mamonas Assassinas – quem amafagafar os mafagafinhos bom amafagafinhador será –.Eu sinto saudade do tempo em que eu comprava um picolé com R$ 0,50, e que o picolé era minissaia – laranja com uva –, e não, Frutare natural por R$3,00.  Sinto saudade da Coca-Cola com garrafa de vidro, do refrigerante Teem e dos cartões telefônicos para coleção.

Hoje eu tenho vinte e um anos, e a certeza de que aquilo que realmente se vai, não há de tornar, razão pela qual, eu ando por aí, às vezes como um doido, sentando nos bancos e roubando flores dos jardins, pois sei, que daqui alguns anos, sentirei saudade desse tempo, do meu quarto e dos colegas de faculdade. Por óbvio, lá na frente, irei dar risada de momentos como esse, porque a felicidade só pode ser encontrada no passado, uma vez que o presente não existe e o futuro oferta-nos tão somente preocupação.
POR: ALEX CALDAS (Alex_Caldass)

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Des morts vivants








Meus olhos agora se fecham, mas, quem sabe assim, eu possa sonhar com o intangível e, da mesma sorte, confortar minha alma com um dogma religioso, alicerçando todos os meus feitos sob a égide do ignoto.


Meu corpo agora se estende, mas, quem sabe assim, eu possa deleitar-me com o sopro da eternidade e, desse modo, acreditar até o último segundo, que as mazelas que ora me afligem, são passageiras.


Minhas mãos são cruzadas e sobrepostas em meu corpo, como em sinal de oração, para que, quem sabe assim, eu possa receber o perdão divino pela minha heresia.


Minha pele agora está fria, como um granizo pálido, mas, quem sabe assim, eu consiga distanciar-me do fogo ardente, e dos desejos insanos e pecaminosos.


Minha voz se cala, para que, quem sabe assim, eu consiga escutar os louvores, e, não obstante, neles crer, e, então, tornar-me alguém mais sensato e compreensível, como "uma parte da maioria".


Meu corpo agora vive sem vida, para que, quem sabe assim, eu possa sentir-me "parte da prole do ignoto".


A ritualística fúnebre é, no momento, a única solução para meu carma.


Talvez, a minha morte seja a transformação de tudo em que acredito, ou, até mesmo, a prova cabal de que aquilo que eu nunca acreditei, de fato "nunca existiu".


Uma rosa com espinhos envenenados é, em verdade, o que eu agora desejo.


Consumir-me num sofrimento que há muito me acompanha é, em verdade, o que se agora faz necessário.


É necessário que eu deguste o amargo do absurdo numa absurdeza ímpar, que é minha existência, a qual, "eu não acredito possuir uma essência".


Sopro poesias desbotadas à beira do abismo quando, o que realmente eu desejaria fazer, era atirar-me às mais remotas e leviatânicas profundezas.


Deixo em meus manuscritos, gotas de sangue podre, envelhecidas vinte e um anos, numa adega de hipocrisia.


Fecho, agora, o caixão dos meus desabafos e, nos calabouços da alma, no âmago da minha existência, brota agora, na primavera, uma flor sem essência.









POR ALEX CALDAS (@Alex_Caldass)