sábado, 11 de fevereiro de 2012

Parados no Tempo

Seria uma afirmação exagerada? Não creio!

Como é possível afirmar que uma cidade que está crescendo nitidamente, considerado um dos maiores polos industriais da América do Sul e que mudou drasticamente nos últimos dez anos, esteja parada no tempo?
Você meu caro leitor, parou para ler exatamente as “qualidades” que citei inicialmente? Pois é. Sem dúvidas são pontos chave no desenvolvimento de qualquer comunidade, mas sinceramente, será que são as mais importantes? Poucos conseguem observar as outras partes, as que digamos, estão paradas.


Então, temos visto pessoas de todas as partes do Brasil vindo para cá visando oportunidade. Estamos crescendo. Mas o engraçado é que não consigo ver este dito crescimento em certos pontos. Não sou professor, mas tenho grandes referências práticas (que é o que interessa) nesta área e não foi exatamente o que tenho ouvido destes profissionais (claro, a culpa é do estado, kkkkk). O que dizer de uma evolução aonde a maior Universidade daqui baixa de qualidade nas avaliações e os preços aumentam? Ou melhor. Continuo vendo universitários insatisfeitos (poucos, normalmente aqueles que não dependem do dinheiro do papai pra estudar).


E as outras instituições de ensino? Foram fundadas várias. Consequência do “crescimento”. Obviamente elas buscaram abordagens diferentes da mais tradicional não é? Pois é, a realidade não demonstra isso. Preços mais altos ainda, ensino questionável e o pior de tudo, direcionador. Resumindo, as instituições superiores daqui não dão conhecimento para o aluno em si e sim conhecimento próprio para que ele vá contribuir para manter esta hierarquia nos anos seguintes.


Mas então saímos desta abordagem e chegamos na pior delas, a que mais estamos lentos, que é a cultural, intelectual. Desde criança, somos induzidos pelas gerações antigas a pensarmos com a carteira. Racismos e xenofobias continuam evidentes. O pior de tudo, o preconceito social, o da classe. Normalmente os altos e baixos têm dificuldade de se misturar. Mas o mais hilário de tudo são os pensamentos, as aspirações das pessoas daqui.


Nos anos 50 o sonho do homem era arrumar um emprego e se casar. Nas gerações seguintes houve excessos de rebeldia em virtude dos movimentos culturais. Nos anos 90, a popularidade dos esportes aflorou. Mas sinceramente, quantas pessoas daqui fogem da lógica da primeira opção? No caso das mulheres é mais lamentável ainda. Em pleno século XXI ainda vemos pressão social por namorado e marido nas meninas de 20 e poucos anos. E ela que nem pense em se relacionar com um músico ou um cara sem carro.
E você meu caro caxiense, conhece alguma prática de esporte apoiada fora o futebol falido dos clubes daqui? Bibliotecas? Até mesmo estilos de música com conteúdo como Blues vincularam-se com status social e superioridade. E a valsa da repetição continua sendo dançada. Passeatas por animais e zumbis acontecem. Agora, racismo, violência, pobreza? 


Por fim tenho um triste recado verídico que ouvi de profissionais da área que possuo contato. Meu caro leitor, de nada interessa seu nível de cultura ou capacidade intelectual se isso não for útil a eles. Sua lábia ou habilidade com a língua-pátria não importa. Pior ainda. Se você for um pouco mais “culto” que a maioria é mais fácil que seja repudiado, ainda mais se for de classes sociais baixas. Resumindo, todo seu ensino médio é dedicado ao vestibular. Ah e à vestibulares específicos. Aristóteles, Beethoven, Freud...provavelmente estariam falidos aqui.
E você? Vai continuar parado no tempo?

Texto dedicado à Alex Caldas e Pippo Pezzini, gladiadores que nunca pararão no tempo!

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