segunda-feira, 4 de junho de 2012

Início, Meio e Fim - A linha tênue entre a genialidade e a loucura.



Realmente não esperava tanto de um documentário, desde pequeno ouço as músicas do Raul Seixas graças a meu pai que numa atitude audaciosa me presenteou com o CD. E por ser muito jovem, não entendia as letras, mas adorava as melodias e as misturas de estilos. Fiquei um tempo sem ouvir, e comecei a ler, pensar, questionar, escrever, tocar, e isso tudo me deu embasamento para ter um olhar mais poético e crítico sobre as letras. E então entendi o que o gênio da música brasileira queria passar nas suas músicas, situei todas as letras naquele contexto da época, da ditadura, do movimento da contra cultura. E fiquei fascinado. 

Ontem pude assistir ao documentário ‘’Início, fim e o meio’’ que conta a história em forma de depoimentos e filmagens da época da vida do Raul Santos Seixas. Influenciado pelo rock, blues, country desde cedo, especificamente  Elvis Presley, montou bandas na qual já demonstrava um expressão e talento de um artista em crescente. Com a ambição de conseguir reconhecimento pela sua música, batalhou muito até assinar contrato com a gravadora que difundiu seu trabalho. 

Paulo Coelho foi uma figura importantíssima na libertação da loucura poética de Raul Seixas, e parceiro na composição de muitos sucessos. Outros compositores também dividiram letras, e todos dão seu depoimento no filme. No decorrer do documentário, temos a oportunidade de sentir o quão influente ele foi, e entender a genialidade daquela loucura. A inteligência subliminar que permitia que suas músicas não fossem censuradas, libertou a mente de uma geração que aderiu a filosofia do seixismo. ‘’Faça o que tu queres, pois é tudo da lei’’ ‘’Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante’’.

 E o exército estava formado, uma corrente de pensamento místico e ideológico foi compartilhado e vivido. O filme trata da clara decadência da carreira e da vida pessoal de Raul em função da dependência química. Fazem-nos questionar até que ponto ela servia de estimulante criativo, ou se apenas era um analgésico que cicatrizava as dores da distância familiar. Assistam e vejam por vocês o que foi a vida desse gênio. Excelente trabalho do Walter Carvalho e toda produção envolvida. ‘’Enquanto você se esforça pra ser um sujeito normal e fazer tudo igual’’

Nenhum comentário:

Postar um comentário